domingo, dezembro 18, 2005

Mais um pouco


O dia finda
A ausência pressentida
Presença consumida
Tudo o que resta
É colher os últimos momentos
Guardá-los
Revivê-los
Interiorizá-los
Não esquecer.
Porque é que as coisas têm de ser assim?
Porque à semelhança de tantas outras
O importante é querer
Basta querer para que durem pra sempre
Em nós...
Na memória.

As mãos pressentem...



As mãos pressentem a leveza rubra do lume
Repetem gestos semelhantes a corolas de flores
Voos de pássaro ferido no marulho da alba
Ou ficam assim azuis
Queimadas pela secular idade desta luz
Encalhada como um barco nos confins do olhar

Ergues de novo as cansadas e sábias mãos
Tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
O amargor húmido das noites e tanta ignorância
Tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
Quase nada...


Al Berto